quarta-feira, julho 13, 2005

Gémeos



Finalmente fez-se luz em um dos mistérios da genética.

Quantos de nós se pergunta como gémeos idênticos têm vidas e atitudes tão distintas?
Este mistério confunde cada um que convive com gémeos mas também especialistas da área da genética.
Vale a pena começar por explicar o que são gémeos idênticos. Podemos ter dois tipos de gémeos: Os que resultam de dois ovos distintos por duas fecundações que ocorrem simultaneamente e que partilham o mesmo espaço ao longo da gestação, ou seja apenas como dois irmãos que nascem ao mesmo tempo. E os gémeos idênticos, que resultam de uma fecundação única, do mesmo ovo e partilham entre si o mesmo código genético e o mesmo espaço ao longo da gestação. Nos gémeos idênticos é como se dividíssemos um embrião em dois embriões iguaizinhos, um clone um do outro!
Não seria de esperar que gémeos idênticos estivessem sujeitos a doenças semelhantes quando expostos aos mesmos agentes? Morressem na mesma década de vida? Tivessem comportamentos psicológicos semelhantes?
No entanto muitas vezes estes gémeos idênticos têm uma esperança de vida distinta e um percurso biológico diferente.
Há mesmo casos em que um dos gémeos idênticos sofre de esquizofrenia e o outro gémeo tem um comportamento absolutamente “tranquilo”.
Como se explica?
A resposta mais óbvia seria que esta diferença entre gémeos idênticos resultasse de não estarem sujeitos ao mesmo ambiente, nem mesmo cultural ao longo da vida. Sim é verdade!
Mas agora sabe-se que é mais do que isso!
Num estudo realizado por Fraga e colaboradores do CNIO, Espanha, demonstrou-se que gémeos idênticos, que partilham exactamente o mesmo código genético (DNA), não partilham a expressão desse mesmo código genético ao longo da vida. E essa diferença na expressão do código genético entre gémeos idênticos é dada pela forma como o código genético está a ser regulado. Este sistema de regulação passa pela forma como o DNA está protegido e como é compactado na célula.
Como a minha área de investigação, é o cancro não resisto a dizer que este processo de regulação já estava bem determinado no cancro, e por isso fica agora até mais simples de entendermos o cancro como "um nosso clone" que habita em nós mas que se comporta de uma forma diferente.

Raquel Seruca

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