sábado, abril 16, 2005

Sócrates, Justiça e Educação


Acho que é importante não deixar passar em branco a entrevista de José Sócrates dada a Judite de Sousa na RTP1. Vi um primeiro-ministro preparado para falar dos temas que neste momento estão na ordem do dia (excepto da educação por lapso ou falta de tempo da entrevistadora). Vi um político determinado e com um projecto que ele próprio leva a sério, sendo que arrisca a tornar claro os seus objectivos mesmo que assim a posterior avaliação dos resultados se torne mais óbvia e mais contundente. Quanto ao caminho em si acho que ouvimos algumas coisas importantes relativamente a algumas questões que considero determinantes. Ao falar do défice do estado Sócrates foi claro: a obsessão do défice foi substituída por uma consciência de um problema real que tem de ser resolvido. Mais importante é o caminho proposto para a sua solução: combater a despesa mas não deixar de tentar aumentar a receita combatendo a fraude e evasão fiscal. Eu sei que isto é mau para alguns mas acreditem que se as medidas tiverem resultados reais será muito positivo para a maioria dos portugueses. É já longa a espera de ver restaurada a equidade fiscal para aqueles que trabalham por conta de outrem e vêem os seus impostos automaticamente retidos na fonte não se revoltem constantemente com as empresas que apresentam prejuízos constantes, apesar da aparente saúde financeira dos seus quadros superiores. Dos profissionais liberais que apesar de sinais exteriores de riqueza apresentam uma receita mensal de 350 euros. Este é um problema, que a sebastianica Manuela Ferreira Leite, tanto tentou iludir chegando mesmo a dizer que esse não era fundamental pois não resolveria automaticamente o problema do défice – relegando para segundo plano a questão moral e social.
Neste momento considero que a questão fiscal, a problemática da justiça e a educação formam um triângulo fundamental de desenvolvimento social português. Temos de nos afastar definitivamente dos muitos vícios de várias décadas de ditadura e entrar numa era de civilização, onde o estado de direito, uma economia saudável e uma sociedade qualificada conseguem trazer uma aproximação dos níveis de desenvolvimento da Europa.

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